Monday, April 20, 2009

Questões acerca da Finitude - 13

Questões Acerca da Finitude – 13

Estado de Israel. Territórios Ocupados. 22:07h de sexta-feira, 12/08 do presente ano da Graça.

V.M. Koralev: Transmitir em todas as línguas conhecidas e nas do antigo Império que a AE-325 se fará visível aos soldados nos próximos três minutos a noroeste da fortaleza de Masada, que tomamos como ponto de referência, e que viemos em paz.

Imediato Enver: Transmitindo em todas as línguas, Excelência!

V.M. Koralev: Transmitir que Sua Alteza Real, o V.M. Astaroth, Senhor do Universo, sua esposa, a V.M. Ashter Solis, e seu Primeiro Ministro e Governante do Universo, o Dictator, saúdam a pessoa de Olmert e lhe desejam paz e prosperidade.

Imediato Enver: Transmitindo, Excelência!

A AE-325 informa a Basílica Republicana que a entrega dos isótopos e da máquina de replicação a base de carbono efetivara-se. Os israelenses responderam agradecendo. A cápsula de vulcanite deveria ficar de brinde para aquela atrasada civilização nos confins do universo.

V.M. Koralev: AE-325 para Controle da Missão.

V.M. Ashter Solis: Aqui é Controle da Missão. Prossiga.

V.M. Koralev: Missão cumprida com êxito, Alteza. Ainda temos dezesseis minutos na atmosfera do planeta azul. Deseja que façamos mais algo?

V.M. Ashter Solis: Finalizar missão, Venerável. Retornar ao nosso mundo.

V.M. Koralev: Entendido. Retornar AE-325 à Basílica Republicana.

Treze de setembro de 2008, sábado, 11:08h. Loja Kether. Botafogo. Rio de Janeiro.

Fernando: Recebemos um e-mail muito estranho dos alemães. Está dizendo que os tomates estão bons. Não enviamos tomates a ninguém.

Astaroth: Que beleza! Assim nossos amigos israelenses podem fazer um ótimo molho para macarrão! Fico muito feliz em ouvir isso.

V.M.S.A.: Bem, e a questão da egrégora?

Astaroth: Eu já te disse. Fechamos para balanço.

Havia um pote de biscoitos alemães para visitas. Havia. Estavam, os biscoitos, agora, no estômago do V.M. Astaroth.

Astaroth: Nossa Ordem anda muito pobre mesmo. Mais de trinta milhões de dólares não compram mais um biscoito decente para as visitas! Veja este vidro vazio? É um absurdo. O Venerável deveria se ocupar em comprar mais biscoitos! Sugiro que os próximos sejam suíços. Uns chocolates não seriam má pedida também. Penso que devemos votar uma verba emergencial para dotar pessoas como eu do poder de comer em bons restaurantes todos os dias, sorvendo o melhor vinho e tomando o melhor café...

V.M.S.A.: Estranho, lembro de ter visto esse vidro cheio agora de manhã.

Astaroth: Alguém anda comendo mais do que deveria, V.M.S.A.

S.A. retornou à Alemanha satisfeito. Utilizou-se um médium (projetor consciente) para acertar com o Dictator a volta da egrégora. Astaroth, por sua vez, estava feliz. Não seria mais incomodado, por um bom tempo, pela “companhia telefônica” (assim pensava). Os agentes da Ordo Gnóstica perderam o grampo sobre o telefone de Nihil. Não suportavam ouvir suas conversas que falavam de amor e coisas outras mais. Um dos agentes falou: “esse cara não fala de nada que me interesse”. Uma patrulha da Ordo Gnóstica se encarregou de verificar se a “companhia telefônica” estava agindo nas proximidades do “bairro de C.” onde reside fisicamente o Dictator. Guardado em garagens da zona sul do Rio, agora, estão dois carros da Polícia Federal do Brasil e três da “companhia telefônica”. Um poderoso equipamento que permite ouvir conversas além das paredes e grampear celulares estava, agora, na Loja Kether. Técnicos da Electronic Data estudavam a tecnologia. Astaroth pensou: “a magia voltou para nós”.

Astaroth saíra da Universidade Livre da República. Sentia muito que Vladvostok estivesse “morto”. Como poderia saber dos cento e vinte anos perdidos? Será que Kamenev saberia de algo? E Rossner e Vossirianonovoskaya? E Frasier? Pensou mais e melhor. Não! Nihil! Sim! Nihil deveria saber! Antes de Ashter, Nihil era o repositório de todo o saber de antes do surgimento do Império (e deveria haver muita história antes do surgimento da raça ariana). E Ashter? Ashter tem arquivado na mente treze mil anos cronológicos de história! Pensou melhor ainda! Juntaria os dois à sua frente. Eles deveriam lhe dizer acerca do vácuo. Aliás, juntaria todos à sua frente! Listou os nomes. Entrou novamente na Universidade e enviou uma convocatória eletrônica para as pessoas selecionadas. Sentia que estava perto de decifrar o enigma.

Após conversar com alguns estudantes Astaroth saiu novamente à rua. Deveria tomar o transporte para o local marcado para a reunião. Escolheu a divisa entre a capital ariana na quinta-infradimensão e a sede provisória do governo republicano. Sabia que Ashter trabalhava no projeto da máquina do futuro, pois ia quase que diariamente à Capela Negra. Os papeis que surgiam na mesa de Astaroth provinham também do outro lado dos muros da cidade. Hoje os papéis a serem assinados já não formam mais pilhas em cima da mesa de V.M. Astaroth. Tudo se resume a se um ária pode ou não ter uma nave e/ou se pode adquirir para si um computador a base de éter universal. A posse de um carro magnético flutuante tinha também rígido controle por parte da prefeitura.

Em algumas horas a nave em que Astaroth estava embarcado, chamada Rex Domini, aterrissava na cidade ariana. Astaroth desembarcou. Saiu da gigantesca plataforma e tomou o rumo da fronteira. Passou por várias pessoas, por um pretor e alguns funcionários da administração republicana. Todos o saudaram.

Estava no antigo quadrante árabe quando sentiu que algo poderia acontecer a ele e que estava procurando o que não deveria. Talvez, a ninguém interesse saber o que aconteceu a uma raça já extinta e esquecida pela história. Astaroth se interessava. Poderia não entender bem o mundo atual da matemática ária, nem a tecnologia dos computadores da República. Não entendia muitas coisas em um mundo onde a tecnologia chega a perfeição. Talvez não interessasse aos republicanos saber que há mais de oito mil anos uma raça humanóide fora extinta por um asteróide gigantesco ou que tinha sido vítima de uma hecatombe nuclear. Os tempos se cruzavam e interessava tanto ao Astaroth de 8582 quanto ao Astaroth de 2008 A.D. saber o que acontecera no perdido ano de 2061.

Tudo foi rápido demais. Astaroth sentira o laser cortante numa das dobras de seu macrossoma astral (um corpo imortal conferido por Rá aos nascidos na aurora dos tempos), puxou da espada a tempo de, com ela, interceptar os disparos feitos posteriormente. Com um salto desarmou o oponente e o deitou ao chão. O patrulhamento de fronteira era feito pela centúria Magna Lex que acorreu em socorro de Astaroth. Astaroth caiu ao chão. Tudo ficara, de repente, sem sentido. Desfaleceu.

O que contamos daqui em diante é em virtude de reconstrução.

Fora levado pela Magna Lex à Capela Negra. Viram, então, os embaixadores que o corpo mental fora seriamente avariado. Zandor fora chamado. Porém, Zandor estava na Universidade Livre da República. Tinha aceito uma cadeira de professor de anatomia subtil dos corpos menos densos. Astaroth deixava lentamente o mundo das vinte e quatro leis (ou das doze – depende da interpretação). Já via Astarteh, Chavajoth, Zein, Ilientsin... Pareciam felizes na Terra dos Bem-Aventurados onde todos são como formigas diante dos deuses. Fora Ashter Solis quem trouxera o Rei à consciência novamente. Treze mil anos de história contemplavam todo o saber médico atlante e egípcio, de quando, ainda, os deuses (Rá, Ísis, Amon, Osíris) viviam entre os homens. Astaroth abrira os olhos. Zandor estava a caminho. A nave chegaria nas próximas três horas na cidade ariana.

O homem que atentou contra a vida de Astaroth estava, neste momento, a ser interrogado pela Guarda Pretoriana. Era um dos seguidores de Chavajoth-Deus. O pretor sugeriu que o senado da República promulgasse a ilegalidade do culto ou que o próprio Dictator assim o fizesse. Nihil decidiu que o senado deveria se ocupar da questão.

Astaroth sentara-se. Através da boa e velha magia ariana Zandor trouxe de volta Astaroth a sua integridade. Recomendava descanso por uns dois dias, talvez três. Ashter estava a seu lado. Quando pode se acercar de todos viu que os que tinha convocado para a reunião estavam lá, ao seu redor. Levantara-se. Andara, com certa dificuldade para uma cadeira próxima. Por fim, falou.

Astaroth: Fico muito feliz que todos estejam cá comigo e tenham cuidado de mim. De toda forma, quero aproveitar para colocar para todos vocês uns questionamentos que tenho tido.

Nihil: Se for acerca do Magnetron, já adianto que o experimento é seguro e está dentro de todos os limites possíveis de segurança; não é mesmo minha filha?

Ashter Solis: Sim, Senhor Meu Marido! Palavra a minha que as chances de gerarmos um buraco negro que venha a engolir toda galáxia performam uma espiral infinita onde a chance está em infinito... Xi! Acho que meu marido não entende essas coisas... Bem, digamos que as chances do Magnetron fissurar uma partícula fora dos limites especificados e gerar um ambiente anti-positrônico cuja massa seja tão densa que até mesmo a luz não lhe escape é quase nula. Fui bem, pai?

Nihil: Traduzindo, Astaroth, nunca estivemos tão seguros em toda a nossa existência!

Rossner: Isto me lembra daquela vez em 7459 que você levou uma parte de um campo de treinamento pelos ares. A história é sempre a mesma: “tudo está seguro”. Tudo está seguro até que explode. Mas, é isso aí. Me parece que tem que explodir uma vez para depois não explodir mais. Lembro dos estudos secretos, na época, para a construção de turbinas de hidrogênio.

Nihil: Meu amigo Rossner pegou o espírito da coisa! As coisas explodem. Mas, esse eu garanto que não explode não! Sério... Estamos trabalhando dentro da mais alta segurança.

Astaroth não sabia o que era o Magnetron. Pouco lhe importava saber. A tecnologia republicana já estava além de seus parcos conhecimentos. De toda forma, sua memória lhe permitiu dominar técnicas, bastante pragmáticas, de construção de aeronaves. Poderia não entender a teoria por trás do mundo, mas sabia faze-lo funcionar e deu prova disso quando da reconstrução da Luftwaffe para a Nova República quando na dimensão cinza, antes de assumir, novamente, o Império. Deixou tanto a entusiasmada Ashter quanto Nihil e Rossner terminarem de falar e discutir teorias e mais teorias acerca da paralisação das leis de entropia e de como subverter a segunda lei da termodinâmica.

Astaroth: Bem, para dizer a verdade, acho muito edificante que vocês estudem tanto. Sério mesmo! Se um dia viajarmos no tempo e digo que isso me interessa, de verdade, todos nos beneficiaremos disso e a história poderá ser, enfim, praticamente, uma ciência tão exata quanto a física ou a química. Mas, o motivo de ter marcado a reunião com vocês é outro e gostaria de contar minha história desde o início. Como todos sabem, com as mortes de Vladvostok e Chavajoth não temos mais um historiador oficial para dizer às gerações futuras o que ocorreu de fato e eu nomeei a mim mesmo historiador do Império...

Contara, Astaroth, de sua ida aos arquivos da Capela Negra, da consulta ao antigo e jurássico terminal de computador de Nihil, das consultas ao sistema de computador de Astarteh, de sua ida a Grande Loja, dos volumes encontrados, da falta de cento e vinte anos de história cronológica, das idas à Universidade Livre da República (as duas, a que fica na República, (mundo mental superior), propriamente dita, e a outra que fica na Nova República, na dimensão cinza), da ida aos auto-iniciados.

Ashter foi a primeira a falar.

Ashter Solis: Senhor, com todo respeito, tais volumes acerca da história dos humanóides não podem existir pois esse tempo ainda não veio! O que pode haver e há são profecias acerca do que se sucederá. Em 2054 A.D. a ciência dos humanóides acredita que toda a extração de matéria fóssil estará terminada. Em 2060 o homem já terá condições de colonizar Marte, pois em 2020 os primeiros experimentos de modificação da atmosfera serão realizados. Porém, perceba, Meu Senhor, isso tudo é conjectura. Os humanóides estão seiscentos anos, em termos tecnológicos, distantes de nós. Eles usam um tal de dinheiro e acreditam que quem tem esse tal dinheiro é melhor ou pior de acordo com a quantidade que possam acumular de papel em lugares destinados para isso. Enquanto nós temos aeronaves capazes de se desmaterializar e se rematerializar em coordenadas matemáticas distintas, os humanóides acham que é grande coisa enviar a Voyager para fora dos confins da Via Láctea! Perceba, Senhor, que profecia é uma coisa e história, ciência, é outra.

Nihil: Astaroth, por gentileza, poderia me levar onde estão esses livros?

Ashter Solis: Papai! Não vê que tais livros não podem existir!

Nihil: Eu vivi muito mais que você, filha, e não costumo duvidar das coisas. Disse o meu jardineiro que o além do limite da ciência é o místico. A especialidade de Astaroth não é a ciência, pois ele é de um tempo em que nós ainda não tínhamos desenvolvido essas facilidades.

Parte da guarda pretoriana é convocada para o passeio e todos deveriam acompanhar Nihil e Astaroth. Pois é necessário acreditar primeiro e comprovar depois. Nihil, no caminho, diz a Ashter: “crer para compreender”.

Ashter ficou assombrada com o que vira. Realmente os volumes estavam lá. Ashter achou ainda os volumes 2032 e 2045. Em 2032 A.D. os humanóides tinham cotas racionadas de água (os tidos como pobres). Os israelenses tinham desenvolvido um sistema para des-salinizar a água do mar. Porém a crise da água era terrível e o planeta contava com quinze bilhões de habitantes. Nihil vasculhou o lugar. Não havia nenhum tipo de porta falsa. Nenhuma biblioteca secreta. Aquela deveria ser a biblioteca – talvez a forma dos árias conceberem uma biblioteca. Todos restaram pensativos, porém (e apenas) Nihil se preocupara, realmente, em ajudar Astaroth a descobrir os outros volumes. Os demais achavam apenas interessante saber o que tinha se dado com uma civilização que, em seu tempo, estava extinta há mais de cinco mil anos.

Nihil: Que sabem os auto-iniciados?

Astaroth: Nada que não esteja historiografado oficialmente.

Nihil: Particularmente, a mim interessa saber o que vem após também. Estarei com setenta e cinco anos.

Astaroth: Ashter é a única, que, com certeza, viverá até a hecatombe de 2061. Tendo tomado corpo físico em 2006, terá cinqüenta e cinco anos. Ashter, sem dúvida, verá o fim dos tempos.

Ashter Solis: Diz aqui que alguns milhares irão para Marte. Quero estar entre eles em 2054.

Nihil: A questão não é assim simples. Não se resume ao fato de estarmos ou não numa dada coordenada do espaço-tempo. A questão é: por que cento e vinte anos exatos de história desapareceram de nossos arquivos? A questão também pode ser essa: a quem interessa que cento e vinte anos de história tenham sumido? Ou ainda: por que alguém sumiria com essa parte da história? Vamos consultar o Acasha e ver no que é que dá.


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