Thursday, July 16, 2009

O que é a Filosofia?

por Homero Fraga Bandeira de Melo – Professor de Filosofia

Artigo Escrito para o Jornal Ganesha – Abril de 2009

A pergunta acerca do que é a Filosofia não é gratuita. Ela tem um preço. O preço de deixar-mos o fundo escuro da caverna e perceber situações e intensidades de forma mais potente, vendo muito mais onde antes pensávamos nada haver. Ao cogitarmos sobre O que é a Filosofia deparamo-nos com um grande espanto, pois tudo o que antes observávamos como óbvio toma um grau de complexidade nunca antes imaginado. O óbvio não é óbvio, e, talvez, somente aqueles que não estão preparados para a tarefa do pensamento acreditem que o mundo possa ser apreendido integralmente pela mente do homem. Necessário é pontuar que o complexo não é complicado e que quando nos encarregamos da tarefa do pensamento ousamos transcender limites antes tão estritos. A imaginação criadora entra aí como um instrumento que alicerçado pelo exercício do pensar leva o ente a “lugares onde nunca antes esteve”.

Ousar pensar é deixar de aceitar o que dizem ser a verdade. O verdadeiro Filósofo deve ousar tornar-se o que é, na tormenta, atravessando o oceano da imanência; deixando o pensamento passar por si, sem retê-lo, tornando-se permanentemente, e na medida do tornar-se, tornar a ser outra coisa diversa, incessantemente. Pensar é ousar revolucionar!

A revolução interior, propiciada pela ascese do pensamento, e a melhor apreensão disto que nos vendem como sendo a realidade, deve ser acompanhada de uma psicologia da imanência, que nos conduzirá a mudança e a revolução exterior. É necessário deixar de colocar a culpa no outro, nas circunstâncias ou no governo; é possível, através do pensamento, transformar-se em direção a liberdade de se ser o que é. É necessário sair do eu (do eu mesmo), para perceber as idéias.

Diante da morte (pois filosofar é preparar-se para morrer; pois que um eu velho e preconcebido dá lugar a um eu novo aberto a mudanças e capaz de viver com mais beleza), a sobriedade vai ao encontro do homem, tal com um Deus grego (Apolo em contraponto a Dionísio). Torna-se imperativo que o homem livre-se pela primeira vez de sua mitologia pessoal, e veja a verdade de sua vida e de todo o seu pretenso conhecimento. É o momento de admitir que muito aprendeu, mas nada sabe, soube ou saberá (momento da morte do eu velho). Se ao final desse processo essa for a conclusão que for ao seu encontro, (e viveu de antemão, pois na vida nada encontramos, somos encontrados pelas multiplicidades que residem no tecido da imanência; em um contínuo caos ordenador), então, pode-se dizer que a tarefa do pensamento alçou o ente ao primeiro degrau em direção à sabedoria ou a contemplação das essências eternas. Se não, se for o contrário, se o homem acreditar que aprendeu algo e sabe alguma coisa, então viveu uma vida no conceito (não se livrou de seu eu velho e não se tornou naquilo que é), imerso na realidade Aristotélico-Descartiana da vida, acreditando que tudo o que vira era verdade. Estava dentro de um filme, e não sabia. Mas agora, é tarde demais, o filme está chegando ao fim, e logo o homem morrerá, como sempre viveu, acreditando na projeção cinematográfica da vida, e pior, que a realidade existe, não passando pela sua cabeça que realidade é apenas a projeção de imagens na grande tela das composições e velocidades (a vida se dá no devir).

Ao acordarmos com o pensamento damos um passo decisivo rumo a mudança interior revolucionária, pois se desejamos que o mundo mude, primeiro devemos mudar a nós mesmos. Viver é construir as pontes através das quais iremos passar e que nos levarão a nossos objetivos mais íntimos, ao encontro com a verdade que sabemos, a priori, existir. Isto posto, a pergunta acerca de O que é a Filosofia leva o ente a lugares e situações nunca antes imaginadas. Necessário é permitimos a nós mesmos conhecer antes de julgar, pois somente o conhecimento nos oferece ferramentas para avaliar melhor as situações. A filosofia faz mais: nos permite inferir o que nos é necessário e que conhecimento devemos buscar para uma melhor realização de nossos planos mais interiores, de nossa programação existencial. Platão, em A República nos fala desse conhecimento prévio que obtemos antes de nossa existência fenomênica; desta forma, afirma o filósofo que viver é perseguir a essencialidade e a verdade das coisas que sabemos estar contida em algum lugar.

Homero Fraga Bandeira de Melo

Professor de Filosofia

homerofraga1973@aim.com

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